Jornais da Bulgária (Blog N. 159 do Painel do Coronel Paim) - Parceria: Jornal O Porta-Voz

domingo, 7 de novembro de 2010

Oposição busca projeto para 2014

O RECADO DAS URNAS

 

Logo após a eleição, PSDB e DEM colocam o salário mínimo de R$ 600 e a luta contra a CPMF como principais bandeiras

Acéfala e desorientada após a derrota de José Serra, a oposição tenta recolher os estilhaços da disputa eleitoral para garantir sobrevida até 2014. Na tentativa de fustigar o Planalto, PSDB e DEM empunharam o salário mínimo de R$ 600 e a resistência ao retorno da CPMF como bandeiras do desidratado bloco oposicionista.

Promessa da campanha de Serra, o reajuste do mínimo acima do índice proposto pelo governo virou obsessão tucana. Antes mesmo do fim da ressaca eleitoral, parlamentares do PSDB pressionam o senador Gim Argello (PTB-DF), relator do orçamento 2011, a elevar o valor para R$ 600.

– Vou apresentar uma emenda nesse sentido. Se o Serra havia se comprometido com os R$ 600 no ano que vem, é porque há recursos – diz o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA).

Enquanto tentam se arregimentar, os oposicionistas também fincam barricadas para evitar que a base aliada resgate a CPMF. Principal derrota do governo Lula no Congresso, o imposto do cheque voltou à cena desde que a presidente eleita Dilma Rousseff sinalizou apoio à recriação da tarifa por governadores.

A senha disparou uma onda de manifestações favoráveis ao retorno do imposto nos Estados.

– Não tem como conversar. É uma falta de vergonha com o cidadão voltar a cogitar esse imposto que nunca chegou à saúde – dispara o deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC).

Nos bastidores tucanos, o fracasso de Serra ainda não foi digerido. As críticas ao tucano, represadas desde o momento em que ele se impôs como candidato à revelia das pretensões de Aécio Neves, transbordaram tão logo foi confirmada a vitória de Dilma.

DEM está articulando uma fusão com o PMDB

Em um ritual autofágico, aliados passaram a culpar o suposto individualismo e a arrogância do ex-governador pelo malogro nas urnas.

– Serra perdeu ao optar por fazer uma campanha sozinho. Ele queria chegar no governo e fazer apenas o que passasse pela cabeça dele – desabafa um dos coordenadores da campanha presidencial tucana.

A derrocada de Serra, somada ao fracasso de caciques regionais como Arthur Virgílio (AM) e Tasso Jereissati (CE), deixou um vácuo de liderança na oposiçao. Eleito senador com mais de 7,5 milhões de votos, tendo feito o sucessor no Palácio da Liberdade, Aécio emerge como favorito a ocupar o comando da minoria no Congresso.

Articulado e conciliador, o neto de Tancredo Neves tem a simpatia do Planalto, especialmente, de Lula. A cúpula petista aposta no perfil moderado do mineiro para instituir um diálogo com os partidos oposicionistas.

Cientistas políticos advertem para os riscos de o governo transformar em interlocutor um adversário com capacidade de articulação e nítida ambição de chegar à Presidência. Para os especialistas, o projeto pessoal de Aécio depende de um eventual desgaste e fracasso da gestão Dilma.

– É precipitado o Planalto comemorar o Aécio como provável interlocutor. Ele fala macio, mas atua com força nos bastidores – alerta Bruno Reis, professor de ciência política da Universidade Federal de Minas.

O cientista político Ricardo Caldas, da UnB, completa:

– Aécio vai implantar o estilo morcego de oposição. Morde e assopra. Faz ataques incisivos e depois recua.

Enquanto os tucanos acenam com uma oposição menos raivosa, o DEM sai das urnas em estado de coma. Na Câmara, as cadeiras caíram de 65 para 43, em comparação com 2006.

No Senado, a legenda perdeu mais da metade das vagas: 13 para seis. Assustados com o encolhimento, dirigentes começaram a articular uma fusão com o PMDB.

A simbiose favoreceria o PMDB, que teria a maior bancada na Câmara, e atenderia a disposição de alguns parlamentares do DEM de ir para a base do governo.

fabiano.costa@gruporbs.com.br

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